terça-feira, 26 de maio de 2009

Boa! Martha.

"Eu vou pegar uma caneta e já anoto seu número.
Eu vou pegar o próximo ônibus.
Eu vou pegar um copo d´água pra você.
Eu, bro? Vou pegar uma mulher!!! Duas, se bobearem...
Ah, língua portuguesa, que flexibilidade. O tempo passa e o nosso vocabulário muda,
se expande, se transforma, ganha novos e riquíssimos significados, como este agora:
pegar mulher. Aliás, pega-se homem, também.
É natural que garotos e garotas saiam pra noite querendo se dar bem, conhecer
pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas,
quatro ficadas... esquece, a partir daí já não acho natural coisa nenhuma. Acho um
desperdício de energia. Pegar quatro caras. Pegar cinco minas. A gente está falando
de quê, de catadores de lixo?
Parece.
Não se trata de caretice, mas de adequação. Pegar, pega-se coisas. Não gente.
Coisas. Bonecos infláveis, que podemos segurar, tocar, lamber e descartar 10
minutos depois. Coisas. Produção industrial, sentimento nenhum, envolvimento zero.
Coisas. Objetos inanimados. Sem voz, sem idéias, sem vida. Coisas. Pegue-e-leve,
pegue-e-largue, pegue-e-use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos-depois.
Pegar, cá pra nós, é um verbo muito cafajeste.
Tudo bem experimentar sensações diversas, conhecer de tudo, exercitar a
sexualidade, mas em vez de "pegar", poderíamos empregar algum outro verbo menos
frio e automático. Porque, quando duas bocas se tocam, nada é assim tão frio e
automático, na maioria das vezes a naturalidade é forçada, é a turma que dita as
regras e exige que todos se comportem igual, então vão todos para a balada fingindo
que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em
casa, isso sim.
Mas o que uma tia como eu pode fazer contra o avanço (avanço??) dos costumes e a
vulgarização do vocabulário? Sou do tempo em que pegava-se uma carona, um avião,
uma gripe. Quando o assunto era relação, por mais frágil e rápida que fosse, ninguém
estava pegando ninguém. Ao contrário, estava todo mundo se soltando."
(por M. Medeiros. grifo meu)
RESUMINDO A HISTÓRIA: Bueno, minha gente, não sou do tempo dela, mas me abri pra este texto! Algo que fazia horas que eu complicava por aí, é bem desenvolvido aí em cima. Pior é que por mais que eu critique o uso desse verbo nesse contexto -- nessa minha mania de falar em gírias , por vezes -- já me peguei falando "o fulano já pegou a fulana"... A onda da linguagem, pra mim, é a mais difícil de não se pegar!

4 comentários:

Anônimo disse...

Alíciaaaa!!! Não sabia que eras blogueiraaaa!!!! Bueno, vou te acompanhar!
Bjs

Anônimo disse...

Poooo, pq q não dá pra eu acompanhar??? Snif, snif...

Heheheh

Bjs

SOARES, Alícia disse...

não dá? pq? sei lá!

Gustavo disse...

pegar é vulgar, eu acho :s